Adivinha quem não veio para o jantar?
- Há uma semana, o presidente americano Barack Obama reuniu na Casa Branca um time de executivos ligados ao mundo da tecnologia. No total, 13 pessoas estavam sentadas à mesa além de Obama, embora a lista oficial tivesse apenas 12 nomes. Trata-se de uma lista fascinante: mostra quem o governo americano considera importante por um motivo ou outro. Uma lista que diz muito, tanto pelos presentes quanto por uma ausência incrível.
Se posição à mesa tem alguma relevância, à direita do presidente estava o presidente e fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, e à esquerda o presidente e fundador da Apple, Steve Jobs. Apenas um dia antes do jantar, o tabloide The National Enquirer publicou fotos de um Jobs acabado entrando no centro de tratamento de câncer da Universidade Stanford. Ele está licenciado para tratar-se de um mal não divulgado. Na imagem oficial do jantar, Jobs aparece de costas. Ainda assim, nada sugere que ele seja um paciente terminal.
O Facebook não estava sozinho no mundo das redes sociais: Dick Costolo, presidente do Twitter, também foi convidado para o jantar.
Também lá, à cabeceira sentou-se Eric Schmidt, ainda CEO do Google. (Deve passar o bastão do cargo em um mês.) E, a seu lado, uma loura de costas. É a décima terceira pessoa não identificada. No jogo de adivinhação da internet, tem-se por nome mais provável o de Marissa Mayer.
Marissa, 35 anos, é uma mulher belíssima e poderosa. Vice-presidente de Produtos do Google, foi ela que, durante a campanha, recebeu na própria casa o candidato Obama para apresentá-lo ao Vale do Silício. Se a mulher for mesmo Marissa Mayer, o Google emplacou dois naquele jantar.
Larry Ellison, da Oracle, e John Chambers, da Cisco, representam o Vale tradicional. Um preside a maior empresa de bancos de dados do planeta, o outro comanda a fabricação dos roteadores que fazem a internet funcionar. Seus clientes são grandes empresas – todas as grandes empresas do mundo, diga-se.
Carol Bartz, do Yahoo, e Reed Hastings, da Netflix, marcam dois pontos da história da internet. O passado da web, quando ela surgiu, é o Yahoo. Seu futuro é a Netflix, empresa que aluga filmes via internet e os põe na tela da televisão de quem o quiser, nos Estados Unidos e no Canadá.
John Doerr estava presente. É o investidor que apostou em empresas como Google e Amazon. Não era o único homem de dinheiro. Steve Westly, do Westly Group, sentou-se entre Jobs e Marissa Mayer. Seu enfoque é um tanto diferente da tradição do Vale. Dá preferência por investimento em tecnologia limpa: energia, materiais, tudo o que tiver potencial ecológico.
A seu lado, John Hennessy, reitor da Universidade Stanford, onde estudam os cérebros locais. É a escola de onde saíram Yahoo e Google entre tantos.
O décimo segundo da lista oficial publicada pela Casa Branca é Art Levinson, fundador da Genentech, uma empresa dedicada à pesquisa genética. Tecnologia de ponta.
A pauta da conversa não foi divulgada, mas no cenário econômico dos EUA, não é difícil imaginar. Desenvolvimento de ciência e tecnologia de ponta sempre tiveram grande impacto na economia americana. Não há por que imaginar que seria diferente, hoje. O presidente certamente quer ouvir promessas de investimento, criação de empregos, comprometimento.
Há duas ausências que chamam a atenção. A primeira é de algum representante da Intel. Porém, na mesma semana, Obama nomeou o presidente da empresa, Paul Otellini, para comandar um Conselho de Empregos e Competitividade, que deverá fazer recomendações à Casa Branca.
Há outros executivos neste conselho. Gente que vem do portal AOL, por exemplo, ou da empresa de telecomunicações Comcast.
Em todo o movimento dos últimos dez dias em torno da tecnologia, só não se ouviu falar de uma única empresa: a Microsoft. Steve Ballmer, o presidente que sucedeu Bill Gates, não apareceu em nenhuma lista, seus conselhos não foram ouvidos. Não é indício apenas de que, ao menos perante Washington, a Microsoft tenha perdido relevância. É sinal de que Gates faz muita falta
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