Carlos Vasconcelos largou a carreira e decidiu abrir uma barraca de luxo. Em vez de amendoim e cerveja quente, lagosta e uísque
Foto: Renata Baptista/iG
Carlos Vasconcelos, de 51 anos, dono da Barraca do Pezão: uísque, espumante e lagosta no cardápio
Quem nunca disse que jogaria tudo para o alto para viver na praia, com sombra e água fresca? Provavelmente, muita gente. Mas quem, de fato, resolveu largar tudo e abrir uma barraca na beira mar? Carlos Vasconcelos, de 51 anos, não só teve a coragem de deixar a carreira no mundo corporativo como está se saindo bem em seu novo empreendimento.
Funcionando desde novembro do ano passado na badalada praia de Boa Viagem, no Recife, a Barraca do Pezão - como Carlos vem sendo conhecido - conta até com fila de espera aos finais de semana.
Mas quando contou aos familiares e amigos sobre a ideia de trabalhar com os pés na areia, o projeto não foi encarado com bons olhos. "Mas todo mundo me conhece. Sabem que sou perfeccionista e que me saio bem em tudo que faço. E não desisto nunca de meus sonhos", afirma Carlos.
Nascido no Rio de Janeiro e designer de profissão, Carlos diz que sempre viveu em função do trabalho. Trabalhou por 20 anos em uma mesma empresa, no setor de vendas. Depois, passou a prestar consultoria técnica a empresas. Considera-se um nômade. Por ser filho de militar, morou em Manaus, Brasília, Campinas (onde se formou) e Recife. Por causa do trabalho, viveu em Londrina, Florianópolis, Fortaleza (onde conheceu a mulher) e, nos últimos dez anos, está no Recife.
No final de 2008, no entanto, foi surpreendido com a notícia de um corte de vagas onde trabalhava, por conta da crise global. Carlos conta que, por orientação dos antigos empregadores, esperou um ano pelo retorno do trabalho, mas que, depois disso, resolveu partir para outra. O mercado de trabalho, porém, o decepcionou. "Eu era considerado velho ou caro demais." Por isso, passou a desenvolver o projeto alternativo.
A ideia
Foto: Renata Baptista/iG
Pratos da barraca são servidos como nos restaurantes do Recife
"Minha decisão não foi de impulso. Passei muito tempo estudando e avaliando o mercado. Decidi suprir uma carência que eu e minha família sentíamos ao ir para a praia."
Nas areias de Boa Viagem não havia muitas opções de qualidade, segundo ele, para quem quisesse aproveitar o dia na praia, bebericando e petiscando. A saída era apelar para a cerveja quente e o amendoim torrado em saquinhos - e, claro, sentado em cadeiras desconfortáveis.
Após analisar bem os locais da praia, negociar com os ambulantes que trabalhavam no espaço, fazer uma detalhada pesquisa de mercado e até um curso sobre empreendedorismo, Carlos fechou o projeto para a Barraca do Pezão e conseguiu apoio da prefeitura e de uma famosa marca de sandálias.
Na estrutura montada por ele, são 60 ombrelones com 240 cadeiras e espreguiçadeiras confortáveis, que aguentam pessoas de até 180 quilos. No cardápio, opções de peixes, lagostas e camarões preparados em um apartamento a 200 metros dali, alugado somente para este fim. Na carta de bebidas, caipiroscas com ao menos oito opções de frutas, espumante, uísque (uma paixão do recifense) e cervejas importadas.
O resultado? Todas as cadeiras lotadas já no dia da inauguração. "Esperava sucesso, mas não tão imediato", diz Carlos. Ele não revela o quanto foi investido, mas garante que ainda está colocando dinheiro no negócio.
Futuro
Foto: Renata Baptista/iG
As espreguiçadeiras de Carlos vivem lotadas no Recife
Quem pensa que agora Carlos resolveu sossegar engana-se. Há vários projetos para expandir a Barraca do Pezão. Mas, segundo dele, acima da alegria com o êxito do novo negócio está a satisfação com a qualidade de vida.
"Já cheguei a viajar mais de 90 mil quilômetros por mês. Ficava longe do convívio de minha mulher e de meus três filhos. Vivia em hotéis e restaurantes. Agora faço o que gosto, estou no convívio de minha família e cuido de minha saúde", afirma ele - com os pés na areia.
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